Caixa Cultural
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Comunicar a contemporaneidade e dar visibilidade à arte indígena ancestral, vinda de tempos inimagináveis, são o foco da produção de Merremii Karão Jaguaribaras, da Nação Karão Jaguaribaras (CE), que os retrata em grafismos e pinturas de seu povo. E o debate acerca da exploração e destruição da terra e a representatividade indígena como parte do mundo contemporâneo, são temas das pinturas e ilustrações de Arissana Pataxó, Mestra em Estudos Étnicos e Africanos, pela Universidade Federal da Bahia. Ela é professora na Terra Indígena Coroa Vermelha (BA).
Arte contra o apagamento da cultura indígena no Rio Grande do Sul é a ferramenta de Xadalu Tupã Jekupé, de origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã. Em seu trabalho, utiliza elementos da serigrafia, pintura e fotografia para abordar o tensionamento entre cultura indígena e ocidental nas cidades. Na exposição, o artista apresenta impactantes fotografias, serigrafadas em tecido, de seus parentes usando coletes à prova de balas.
Aju Paraguassu, neta da reserva indígena Paraguassu, ativista e mensageira afro-indígena, é graduada em desenho industrial e atua como designer há 16 anos. No seu navegar pelas artes, a pintura abre-se à escuta das curandeiras, das mães de sangue e de axé. Em suas obras, há cura para quem as observa.
Comum nos trabalhos apresentados pelas e pelos artistas desta mostra coletiva Nhe´ ẽ Se está o emprego e a utilização de matérias encontradas em seus territórios de origem. Quanto à coleta de tais, reforça-se o cuidado e o manejo como é feita, assim como quando. Ganha destaque, ainda, o respeito à conexão espiritual entre matéria e artista.
Na manhã do primeiro dia de visitação do público à exposição, 10 de maio a partir das 10hAM, haverá o bate-papo Diálogo é Cura com a presença das duas curadoras Sandra Benites e Sallisa Rosa. A ação tem o intuito de ampliar o conhecimento do público acerca das artes e culturas trazidas pela exposição. O encontro contará com tradução para Libras.
Em respeito à acessibilidade, haverá disponível aos visitantes audiodescrição e obra tátil, para que pessoas cegas ou de baixa visão possam conhecer os trabalhos. Ainda, os vídeos dos artistas, transmitidos em monitor instalado na galeria, contará com tradução para Libras. E na entrada do espaço, os textos terão versões no idioma Guarani.
Para a curadora Sallisa Rosa, ao reunir trabalhos de artistas indígenas de várias partes do país, de contextos e geografias díspares, e cada um com sua linguagem e singularidade dentro da coletividade, Nhe´ ẽ Se “é o espaço preparado para que o diálogo, com as diferentes vozes de diferentes artistas, aconteça e onde o acolhimento e também a escuta fazem parte,” conclui.
A baiana Via Press é a agência idealizadora e realizadora da exposição Nhe´ ẽ Se. “Celebro sermos uma agência bem-posicionada no cenário nacional, realizando trabalhos com o apoio de grandes marcas, como a CAIXA. Especialmente essa mostra, que traz uma temática de fundamental importância com um conjunto de trabalhos que exalta as origens do Brasil e aponta para a urgente preservação dos territórios indígenas”, destaca a CEO da Via Press, Elaine Hazin.
A CAIXA Cultural Brasília, inaugurada em 1980, foi o primeiro espaço cultural instituído pela CAIXA. Localizada na região central de Brasília, perto da estação Galeria do metrô e da rodoviária do Plano Piloto, possui cinco galerias, teatro, sala multimídia e Jardim das Esculturas. Outras unidades da CAIXA Cultural estão localizadas nas cidades de Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Serviço:
Exposição coletiva de arte indígena: Nhe´ ẽ Se
Local: Galeria Vitrine da CAIXA Cultural Brasília
Endereço: Setor Bancário Sul, Quadra 4, Lotes 3/4 - Edifício Anexo à Matriz da CAIXA
Brasília-DF
Abertura: 9 de maio de 2023, às 19h
Temporada: de 10 de maio a 9 julho de 2023
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 21h
Entrada: gratuita
Classificação indicativa: livre para todos os públicos
Informações no site da caixacultural
Realização: Via Press
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal - Brasil União e Reconstrução

Ficha técnica:
Realização: Via Press Comunicação
Realizadora: Elaine Hazin
Curadoria: Sandra Benites e Sallisa Rosa
Artistas: Aislan Santos Pankararu; Ajú Paraguassu; Arissana Pataxó; Déba Tacana; Edgar Kanaykõ Xakriaba; Glicéria Tupinambá; Lilly Baniwa; Merremii Karão Jaguaribaras; Paulo Desana; Tamikuã Txihi; Úyra Sodoma; e Xadalu Tupã Jekupé
Coordenação Geral: Vera Santana | Gentilização
Gestão de Projeto e Coordenação Produção: Laura Gurgel
Coordenação Executiva: Andréa Amado
Assistente Executiva: Celeste Cardoso
Coordenação Conceito e Pesquisa: Renata Dias Oliveira
Coordenação Financeira: Reginaldo Pereira
Produção Local: Raquel Fonseca
Assistente de Produção: Josie Brock
Mensageira Visual (identidade e intervenções poéticas): Aju Paraguassu
Projeto Expográfico: Juliana Godoy
Montagem: Manoel Oliveira, Marcos Vinícius e Carlos Maiky
Cenografia: Daniel Palovinas
Iluminação: Caco Tomazzoli
Redes Sociais: Bruna Novaes
Assessoria de Imprensa exposição: Território Comunicação
Assessoria de Comunicação Via Press: Duo Estratégias em Comunicação
Textos: Aline Aranha
Tradução: Elisa Benites Antunes Para Poty, Juliana Vilhalva Minduá e David Vera Popygua Ju
Edição vídeo: Érico Cazarré
Técnico Audiovisual: João Andriotti
Catálogo virtual: Aju Paraguassu e Taynara Christmann
Consultoria em Libras: Carolina Fomin
Tradutor Intérprete de Libras: Bruno Henrique da Silva Pankararu
Tradução de apoio e captação de Libras: Carlos Rodrigues
Audiodescrição: Adriana Urpia, Sandra Rosa, Dêivide Monteiro e Sérgio Nunes
Evento
Com patrocínio da CAIXA e realização da Via Press, a CAIXA Cultural Brasília recebe mostra de arte indígena em múltiplos suportes e linguagens
Nhe ́ ẽ Se
Exposição agrega a recente produção de 12 proeminentes artistas indígenas originários de diferentes territórios de Pindorama (Brasil)
Desejo de Fala: é com raízes nesse conceito que Nhe´ ẽ Se ocupa a CAIXA Cultural Brasília com um conjunto de obras, que exprimem o desejo de mostrar a força política e beleza conceitual da arte e culturas indígenas. Bem como mostrar, através das criações, que indígenas são o passado, o presente e principalmente o futuro do mundo.
Esse protagonismo indígena, contado a partir da fala e narrativa particulares, será apresentado na Galeria Vitrine da CAIXA Cultural Brasília entre os dias 10 de maio e 9 de julho, com visitação de terça a domingo, das 9h às 21h. A entrada é gratuita e de classificação indicativa livre para todos os públicos.
O projeto é idealizado e realizado pela agência Via Press, que atua há mais de 20 anos com foco no desenvolvimento de projetos culturais e em áreas como assessoria de imprensa, eventos, digital, relações públicas e relacionamento comunitário.
Assinam a curadoria as indígenas Sandra Benites, da etnia Guarani-Nhandeva (MS), primeira curadora indígena, no Brasil, a integrar equipe de um Museu, pesquisadora Guaraní e Doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ, e Sallisa Rosa, artista visual cuja produção parte de sua experiência como indígena em contextos urbanos e que, em sua trajetória, acumula recorrente participação em exposições, dentro e fora do Brasil, desde 2017.
Por meio de pinturas, fotografias, instalações, vídeos e textos, as e os 12 artistas visuais contemporâneos, cada um com sua essência, provocam e convidam o olhar de visitantes a diálogos com diferentes etnias, territórios, expressões culturais e inquietações.
Nessas conversas multiétnicas, costuradas por linguagens diferentes, o observador tece uma rede harmônica, “onde a serenidade se apresenta naturalmente e a arte mostra o processo de se fazer o equilíbrio, palavra que não existe em língua indígena e precisou ser criada”, comenta a curadora Sandra Benites. Sobre as obras trazidas para a exposição, Sandra explica: “para nós, indígenas, inquietações e espiritualidade caminham junto em qualquer discussão, debate e são a tônica de Nhe´ ẽ Se, dada a importância e urgência de desejo de fala”.
Nhe´ ẽ Se é sobre comunicar. A expressão Guarani em português significa o desejo de fala, a expressão do espírito e o diálogo como cura. Nesse sentido, no conjunto dos trabalhos do coletivo de artistas, curado por Sallisa e Sandra, se lê a exaltação das origens, da urgente preservação e da recuperação física e espiritual dos territórios, e a necessidade de enaltecer a ancestralidade. Como nas obras de Aislan Santos, natural do Povo Pankaruku (PE) e estudante de medicina na UnB, e de Tamikuã Pataxó, liderança Pataxó, cujo trabalho mostra o equilíbrio entre a irmã natureza e a mãe terra com a humanidade.
Em registro paralelo, o resgate das tradições e a voz do ativismo social, político e pelos direitos das mulheres indígenas são protagonistas na obra de Glicéria Tupinambá, da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. A artista apresenta, em Nhe´ ẽ Se, sua obra manto Assojaba Tupinambá, representando memória e resistência de seu território.
Trabalhando com a cerâmica, Déba Viana Tacana, de origem cigana e indígena, pertencente ao Povo Takana, no estado de Rondônia fronteira com a Bolívia, investiga o corpo indígena e o corpo território para expressar sua etnicidade e manifestar que sob nossos pés não há terra que não seja indígena. Déba, em seus trabalhos, articula análises ficcionais com a encantaria “luz que anda”, presente em diferentes territórios indígenas, para denunciar a violação de direitos humanos.
Para denunciar a poluição dos igarapés, a indígena trans, em diáspora e residindo em contexto urbano, Uýra Sodoma realiza performances explosivas com sua personagem queer. Bióloga de formação, a artista tece duras críticas às políticas ambientais e ao modelo econômico imposto ao povo que vive em meio à floresta. Sua atuação alinha-se à luta em favor dos direitos das mulheres e das populações LGBTQIA+, Negra e Indígena. Enquanto Lilly Baniwa, performer e atriz de São Gabriel da Cachoeira (AM), constrói manifestos políticos e identitários - em vídeo - que ganham as telas, para comunicar conhecimentos ancestrais, carregados na existência dos corpos indígenas.
No campo da fotografia, Edgar Kanaykõ Xakriaba, da Terra Indígena Xakriabá (MG) e primeiro indígena Mestre em Antropologia pela UFMG, se dedica a narrar o cotidiano de sua aldeia, contextualizando cada registro. E no audiovisual e também através de fotografias Paulo Desana, da etnia Desana (AM), traz à tona assuntos pertinentes à região do Rio Negro, no Noroeste do Amazonas, como assunto central. Em seus registros, irmão da tribo, curandeiras e pajés são retratados como personagens encantadas.