Hugo Rodas
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Ficha Técnica:
Direção, Cenografia e Figurino: Hugo Rodas
Dramaturgia: Gil Roberto
Assistente de Direção: Rodrigo Fischer
Elenco: Gil Roberto e Micheli Santini
Direção Musical: João Lucas
Músico/Operação de Som: Rafael Gama
Produção: Karita Pascollato (Criativa Empreendedorismo)
Assistente de Produção: Kalil Bonova
Assessoria de Imprensa: Baú Comunicação Integrada
Cenotécnico: Adriano Roza
Assistente de Cenografia: Rodrigo Lélis
Design de Vídeo: Fernando Gutierrez
Iluminador: Camilo Soudant
Fotógrafo: Diego Bresani
Design Gráfico: Luísa Malheiros

Serviço: Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças na 20ª edição do Festival Cena Contemporânea 2019
Data: 22 e 23 de agosto de 2019, quinta e sexta-feira
Local: Teatro Sesc Garagem (713/913)
Brasília-DF
Horário: 20h
Ingressos: R$ 20 (meia-entrada)
Não recomendado para menores de 16 anos.
Evento
Espetáculo Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças estreia no Festival Cena Contemporânea 2019
Peça com direção de Hugo Rodas e dramaturgia de Gil Roberto banha-se no mito de Prometeu para fazer uma instigante reflexão política
Uma incendiária procura por pessoas para atiçar seus espíritos e instigar uma revolução que está em curso. Um ditador é queimado numa festa antropofágica. O eterno retorno de uma quarta- feira de cinzas fatídica se repete no tempo. Deus foi queimado e suas cinzas foram salpicadas sobre os homens. Uma delicada e sutil garoa assentou a poeira deixada pelas chamas. O barro da criação. O barro da imaginação. É dessa lama primordial que nasce o espetáculo Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças.
Com encenação do renomado diretor Hugo Rodas e escrita pelo autor e ator brasiliense Gil Roberto, que divide a atuação com Micheli Santini, a peça estreará na 20ª edição do Festival Cena Contemporânea nos dias 22 e 23 de agosto, quinta e sexta-feira, às 20h, no Teatro Sesc Garagem (713/913). Ingressos: R$ 20 (meia-entrada). Não recomendada para menores de 16 anos.
Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças chega para investigar o incrível ato de imaginar e sua necessidade para os processos político-sociais do mundo atual. Afinal, eram os abutres astronautas? E é assim que começa a trama. Com dois abutres amorais se alimentando da noite dos outros. Antes mesmo da aurora da humanidade, eles sobrevoavam esta terra e aguardam o fim do mundo enquanto atos políticos e jogos de poder se repetem indefinidamente na história humana. Uma ética abútrica onipresente parece pairar sobre os atos dos homens desde sempre.
O texto não é cronológico e tem uma estrutura enunciativa e narrativa, abdicando –se do recurso do diálogo. A liberdade poética da dramaturgia é enriquecida com um mosaico de imagens na encenação de Hugo Rodas e com a agregadora música do pianista João Lucas. O viés político e social do espetáculo traz uma relação poética livre com o mito de Prometeu, um revolucionário que roubou o fogo dos deuses para dá-lo aos mortais. Zeus, que temia que os mortais ficassem tão poderosos quanto os deuses, puniu o titã pela sua ousadia, deixando Prometeu amarrado em uma rocha pela eternidade enquanto uma grande águia comia seu fígado de dia e ele se regenerava à noite, em um ciclo sem fim.
“A águia do mito também é um abutre em outras narrativas. Esse abutre é uma sombra rica e profunda de Prometeu, de Zeus e da própria humanidade. A figura desse abutre sempre me intrigou. Então, resolvi investigar e montar uma peça com essa temática. A figura de Prometeu já tem um tom de rebeldia. Ele era um agitador político. E, atualmente, vivemos em um momento de necessária agitação política. A peça flerta com o nosso presente, com o que temos vivido atualmente, com os sentidos do ético e do político, com as possibilidades do imaginar. Mas não há uma ideia moralista no texto, ele é aberto para a reflexão e sentidos”, destaca o autor.
A modulação para o gênero feminino Prometea faz alusão à obra de Alan Moore, que faz da heroína Promethea um avatar da imaginação. E é a partir do ato de imaginar que a dramaturgia possibilita várias narrativas que sugerem a urgência da imaginação como a centelha necessária para uma mudança de paradigmas. Enquanto aguardam o fim, os abutres sentem, na flor do coração, que algo precisa verdadeiramente mudar. O que fazer enquanto o apocalipse não chega? Imaginar é urgente!
Podres poderes
Fogo, revolução, morte, regeneração, transubstanciação, imaginação. Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças faz revolver estes elementos a favor de um verdadeiro coquetel molotov da linguagem teatral. A música é mais um elemento que chafurda e funda novas propostas neste caldo dramatúrgico. E é por meio dessa linguagem em constante movimento que Gil Roberto e Micheli Santini são dirigidos pelo uruguaio Hugo Rodas.
“O Hugo é um mestre para todos. Juntos, estamos nos banhando em uma dramaturgia porosa e aberta que aproxima eventos recentes da nossa história política a eventos políticos recorrentes na história da humanidade. O que é um abutre? Quem são os abutres? Quem são as carcaças e carniças?”, questiona e coloca Gil Roberto.
A dramaturgia destaca ainda a função deste animal para o equilíbrio de ecossistemas, promovendo uma verdadeira obra sanitária: “São aves falconiformes vulturídeas especialistas em carniça e, como não fazem acepção de carne, se alimentam de toda a matéria em decomposição. Uma ética abutre perpassou todo o processo de criação”, explica.
Segundo o autor, o contexto da peça traz uma discussão sobre o poder, que é pensado a partir da visão do abutre, que na natureza é um animal que se alimenta de carniça, da carnificina, da podridão da matéria. Uma metáfora possível para refletirmos a densidade do nosso contexto político atual. O que é necessário digerir para irmos adiante? “Há uma ética e uma poética em transubstanciar estes conteúdos tão caros à humanidade. Há uma bela sombra que nos alimenta e na qual estamos emaranhados. Os monstros existem no mundo real e, por isso, imaginar é tão urgente”, exalta.
A produção inédita Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças é uma realização do grupo Desvio de Brasília e conta com recursos do FAC – Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura do Distrito Federal (FAC). Produção da Criativa Empreendedorismo.