Funarte
Sobre o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014:
O espetáculo “Velejando Desertos Remotos” é resultado do projeto “Coreografando Cidades Invisíveis” contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014. O Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna fomenta o desenvolvimento de atividades relacionadas à Dança ao contemplar a circulação de espetáculos, atividades artísticas de artistas consolidados, bem como de novos talentos.
Sobre Marcos Buiati:
Marcos Buiati é coreógrafo, professor, dançarino e designer gráfico. Mestre em Performances Culturais pela Universidade Federal de Goiás e bacharel em Dança pela UNICAMP, pesquisa o corpo com ênfase em suas dramaturgias artísticas e culturais. Trabalhando com criação em dança a mais de uma década, foi contemplado em 2015 pelo Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura do Distrito Federal e com o Prêmio Funarte Klauss Vianna de Dança 2014. Como professor, atua na área de Educação Somática, Consciência Corporal e Dança Contemporânea, com experiência em docência no ensino superior, ensino técnico e médio, companhias e grupos de dança, festivais nacionais e internacionais, projetos artísticos, cursos livres, oficinas e workshops. Tem ampla experiência como dançarino/intérprete, tendo atuado em importantes cias de dança no Brasil, como a Edson Beserra e Seu Composto de Ideias/DF (2013 - 2016), a Quasar Cia de dança/GO (2009 - 2013), a Maurício de Oliveira e Siameses/SP (2009), e a Cia Fragmento de Dança/SP (2007 - 2009).
Ficha Técnica:
Direção e Coreografia: Marcos Buiati
Dançarinos: Iago Gabriel Melo, Marcos Buiati, Vitor Hamamoto
Iluminação: Marcelo Augusto
Figurinos: Nina Maria
Direção Musical: Marcos Buiati
Fotos: Thiago Sabino, Hugo Barreto - Estúdio Carbono
Produção e Assistência de Coreografia: Edson Beserra
Assistente de Produção: Mateus Vieira
Assessoria de Imprensa e Redes Sociais: Renato Acha
Serviço: Espetáculo: Velejando Desertos Remotos
Gênero: Dança Contemporânea
Apresentações: De 06 a 09 de outubro de 2016 (quinta a domingo) sempre às 20 horas
Bate-papo com o elenco e o diretor após as sessões
Local: Teatro SESC Garagem da 913 sul
Endereço: W4 Sul Quadra 713/913 Lote F, s/nº - SHCS
Brasília-DF
Entrada Franca
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Oficina de dança contemporânea ministrada pelo coreógrafo Marcos Buiati
Data: 05 de outubro (quarta), das 14 às 18 horas
Local: IESB (SGAS - Quadra 613/614 - Lotes 97 e 98 - L2 Sul)
Brasília-DF
Os participantes terão contato com o método de preparação física dos bailarinos do elenco, além de se aproximarem do processo de construção coreográfica da obra de Marcos Buiati.
Inscrições gratuitas através do e-mail velejandodesertosremotos@gmail.com
Informações: (61) 99557-7878.
Fotos: Hugo Barreto - Estúdio Carbono.
O espetáculo “Velejando Desertos Remotos” é resultado do projeto “Coreografando Cidades Invisíveis” contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014. O Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna fomenta o desenvolvimento de atividades relacionadas à Dança ao contemplar a circulação de espetáculos, atividades artísticas de artistas consolidados, bem como de novos talentos.
Sobre Marcos Buiati:
Marcos Buiati é coreógrafo, professor, dançarino e designer gráfico. Mestre em Performances Culturais pela Universidade Federal de Goiás e bacharel em Dança pela UNICAMP, pesquisa o corpo com ênfase em suas dramaturgias artísticas e culturais. Trabalhando com criação em dança a mais de uma década, foi contemplado em 2015 pelo Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura do Distrito Federal e com o Prêmio Funarte Klauss Vianna de Dança 2014. Como professor, atua na área de Educação Somática, Consciência Corporal e Dança Contemporânea, com experiência em docência no ensino superior, ensino técnico e médio, companhias e grupos de dança, festivais nacionais e internacionais, projetos artísticos, cursos livres, oficinas e workshops. Tem ampla experiência como dançarino/intérprete, tendo atuado em importantes cias de dança no Brasil, como a Edson Beserra e Seu Composto de Ideias/DF (2013 - 2016), a Quasar Cia de dança/GO (2009 - 2013), a Maurício de Oliveira e Siameses/SP (2009), e a Cia Fragmento de Dança/SP (2007 - 2009).
Ficha Técnica:
Direção e Coreografia: Marcos Buiati
Dançarinos: Iago Gabriel Melo, Marcos Buiati, Vitor Hamamoto
Iluminação: Marcelo Augusto
Figurinos: Nina Maria
Direção Musical: Marcos Buiati
Fotos: Thiago Sabino, Hugo Barreto - Estúdio Carbono
Produção e Assistência de Coreografia: Edson Beserra
Assistente de Produção: Mateus Vieira
Assessoria de Imprensa e Redes Sociais: Renato Acha
Serviço: Espetáculo: Velejando Desertos Remotos
Gênero: Dança Contemporânea
Apresentações: De 06 a 09 de outubro de 2016 (quinta a domingo) sempre às 20 horas
Bate-papo com o elenco e o diretor após as sessões
Local: Teatro SESC Garagem da 913 sul
Endereço: W4 Sul Quadra 713/913 Lote F, s/nº - SHCS
Brasília-DF
Entrada Franca
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Oficina de dança contemporânea ministrada pelo coreógrafo Marcos Buiati
Data: 05 de outubro (quarta), das 14 às 18 horas
Local: IESB (SGAS - Quadra 613/614 - Lotes 97 e 98 - L2 Sul)
Brasília-DF
Os participantes terão contato com o método de preparação física dos bailarinos do elenco, além de se aproximarem do processo de construção coreográfica da obra de Marcos Buiati.
Inscrições gratuitas através do e-mail velejandodesertosremotos@gmail.com
Informações: (61) 99557-7878.
Fotos: Hugo Barreto - Estúdio Carbono.
Evento
Funarte apresenta:
Velejando Desertos Remotos
Espetáculo de dança contemporânea traz o universo de Italo Calvino
Resultado do projeto Coreografando Cidades Invisíveis contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014
De 06 a 09 de outubro de 2016
SESC Garagem (913 sul)
Brasília-DF
Entrada franca
O espetáculo “Velejando Desertos Remotos” ganha curta temporada no Teatro SESC Garagem (913 sul), de 6 a 9 de outubro de 2016(quinta a domingo), sempre às 20 horas, com entrada franca. Após cada apresentação, o público poderá participar de bate-papos com o elenco e o diretor Marcos Buiati.
Além dos bate-papos o projeto inclui a realização de uma oficina de dança contemporânea ministrada pelo coreógrafo, a ser realizada no dia 5 de outubro (quarta), das 14 às 18 horas, no IESB, onde os participantes terão contato com o método de preparação física dos bailarinos do elenco, além de se aproximarem do processo de construção coreográfica da obra de Marcos Buiati. Inscrições gratuitas através do e-mail velejandodesertosremotos@gmail.com
Os apreciadores de dança contemporânea de excelência vão adentrar no universo da terceira obra coreográfica de Marcos Buiati, cuja pesquisa continuada tem como cerne o livro “As Cidades Invisíveis” de Italo Calvino.
“Na obra do escritor, o conceito de cidade é menos geográfico ou urbano, e mais uma estratégia poético-metafórica para falar da existência humana, e como ela se desdobra nas diversas maneiras com que nos relacionamos com o mundo. Calvino agrupa suas cidades imaginárias em grupos temáticos associados às nossas complexas experiências na vida: nossa relação com o espaço, com o tempo; com a vontade, com o desejo, com o medo, com a finitude, com os ciclos que se fecham e com os que continuam; com o que se esconde, se oculta; com a interação entre pessoas, com a busca pelo ideal e pela perfeição; com a simplicidade, com as saudades e as memórias, com a falta; com nossa necessidade de simbolizar, com a linguagem, com a maneira como vemos o mundo e as coisas, com os pesos e as levezas de nossas escolhas, com aquilo que se perde e com o que se anseia conquistar.” Conta Marcos Buiati.
Livremente inspirado nesta complexa obra literária, ”Velejando Desertos Remotos” fecha um grande ciclo de investigações e pesquisas em Dança Contemporânea e intenta aprofundar questões artísticas, estéticas e de linguagem cênica, em uma obra ancorada numa atmosfera onírica onde emergem seres, gestos, relações entre viajantes que caminham em última instância sós, em busca de si mesmos.
Ao seguir os caminhos do grande viajante Marco Polo, personagem central do livro, a viagem e o deserto servem de metáfora para a descoberta da vastidão existente dentro de cada um, na cena ou fora dela. Aqui, a busca do lugar almejado apenas se torna minimamente possível quando se está em constante movimento.
“Cada cidade recebe a forma do deserto a que se opõe; é assim que o cameleiro e o marinheiro veem Despina, cidade de confim entre dois desertos." Italo Calvino, em As Cidades Invisíveis.
O processo criativo:
Para chegar à concepção final deste projeto, participaram do processo de pesquisa o corpo artístico e equipe de produção. Para a montagem do espetáculo, coreógrafo, assistente de coreografia e dançarinos se dedicaram a uma extensa rotina de trabalho. Foram mais de 250 horas de ensaios, que contemplaram preparação corporal com treinamento técnico em dança contemporânea e pesquisas coreográficas.
Duas perguntas para Marcos Buiati:
Como o processo de pesquisa lhe envolveu e como foi todo este ciclo?
Marcos Buiati - “Conheci o livro ainda na faculdade, na época da minha formatura. Na época, em 2007, até esbocei alguns estudos coreográficos acerca do tema mas foram ainda tentativas muito iniciais. Alguns anos depois, desenvolvi o primeiro trabalho mais consistente, Irene (2012), que se baseou em apenas uma das cidades do livro, que leva o mesmo nome. Neste momento ainda integrava o elenco da Quasar Cia de Dança e o trabalho foi feito junto com dois outros colegas de trabalho. “Irene” foi uma coreografia ainda muito pautada em partituras de movimentos e na fisicalidade da execução. Ano passado, apoiado pelo FAC, pude finalmente desenvolver uma pesquisa mais profunda sobre o livro. Foi quando montei Os Lugares Sem (2015), que fez temporada nas cidades satélites do distrito federal. Em “Os Lugares Sem” já me arrisquei um pouco mais e absorvi o livro por inteiro como referencial de pesquisa e investigação cênica e coreográfica. Agora, em 2016, estreio “Velejando Desertos Remotos” com o apoio do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014. A busca no processo de criação da peça atual, a última de uma trilogia que acabou existindo por acidente (nunca planejei fazer 3 peças sobre o livro), foi orientada no sentido de decantar todo esse longo processo, e buscar um aprofundamento estético e de linguagem cênica, fortalecendo o gesto, a ação, os subtextos e o imaginário simbólico por trás dos movimentos. Busquei clarear o que do livro ficou mais forte pra mim, o que me levou aos conceitos de viagem e ao deserto como temas que sintetizam minha experiência com essa obra colossal.”
Como foi a transposição para a Dança de um texto que aguça a imaginação do leitor? Como Dança e Literatura podem se aliar para despertar histórias de lugares onde não fomos, mas que podemos remeter ao ver o trabalho no palco?
Marcos Buiati - “Minha intenção nunca foi, em nenhuma das peças, transcrever em dança o que eu lia literalmente no texto. Até porque, o livro é composto por vários ‘contos’ (Cada cidade é um rápido trecho de texto de no máximo duas páginas) e não existe nele uma narrativa linear, uma história com começo meio e fim, nem personagens que saem de uma história e continuam na próxima, a não ser pelas figuras de Marco Polo e do Imperador Khan, mas que não estão nas cidades em si, mas sim em interstícios entre os capítulos onde os diálogos entre os dois são expostos. Acho que como leitor, tive minha imaginação aguçada, e como criador, livremente ‘interpretei’ todo esse imaginário em dança. Não tenho por exemplo a pretensão de que possíveis leitores do livro identifiquem cidades ou situações existentes no livro no palco. Meu objetivo é que o público se relacione com a obra de dança em si, e aí sim, por sua força, sejam transportados para outros universos, lugares, sensações. Acho que tanto dança quanto literatura tem, cada uma a sua maneira, força para nos transportar, nos libertar, nos transformar. Espero que nesse encontro, no caso do meu espetáculo, uma tenha potencializado a outra. Quem sabe pessoas não vão querer ler o livro após assistir? Mas sinto que o espetáculo é muito o meu olhar, a minha interpretação do que foi o livro pra mim, e tentei passar e trocar com os dançarinos essas impressões, coletar também as deles, e assim criar um lugar coerente de investigação cênica.”
Velejando Desertos Remotos
Espetáculo de dança contemporânea traz o universo de Italo Calvino
Resultado do projeto Coreografando Cidades Invisíveis contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014
De 06 a 09 de outubro de 2016
SESC Garagem (913 sul)
Brasília-DF
Entrada franca
O espetáculo “Velejando Desertos Remotos” ganha curta temporada no Teatro SESC Garagem (913 sul), de 6 a 9 de outubro de 2016(quinta a domingo), sempre às 20 horas, com entrada franca. Após cada apresentação, o público poderá participar de bate-papos com o elenco e o diretor Marcos Buiati.
Além dos bate-papos o projeto inclui a realização de uma oficina de dança contemporânea ministrada pelo coreógrafo, a ser realizada no dia 5 de outubro (quarta), das 14 às 18 horas, no IESB, onde os participantes terão contato com o método de preparação física dos bailarinos do elenco, além de se aproximarem do processo de construção coreográfica da obra de Marcos Buiati. Inscrições gratuitas através do e-mail velejandodesertosremotos@gmail.com
Os apreciadores de dança contemporânea de excelência vão adentrar no universo da terceira obra coreográfica de Marcos Buiati, cuja pesquisa continuada tem como cerne o livro “As Cidades Invisíveis” de Italo Calvino.
“Na obra do escritor, o conceito de cidade é menos geográfico ou urbano, e mais uma estratégia poético-metafórica para falar da existência humana, e como ela se desdobra nas diversas maneiras com que nos relacionamos com o mundo. Calvino agrupa suas cidades imaginárias em grupos temáticos associados às nossas complexas experiências na vida: nossa relação com o espaço, com o tempo; com a vontade, com o desejo, com o medo, com a finitude, com os ciclos que se fecham e com os que continuam; com o que se esconde, se oculta; com a interação entre pessoas, com a busca pelo ideal e pela perfeição; com a simplicidade, com as saudades e as memórias, com a falta; com nossa necessidade de simbolizar, com a linguagem, com a maneira como vemos o mundo e as coisas, com os pesos e as levezas de nossas escolhas, com aquilo que se perde e com o que se anseia conquistar.” Conta Marcos Buiati.
Livremente inspirado nesta complexa obra literária, ”Velejando Desertos Remotos” fecha um grande ciclo de investigações e pesquisas em Dança Contemporânea e intenta aprofundar questões artísticas, estéticas e de linguagem cênica, em uma obra ancorada numa atmosfera onírica onde emergem seres, gestos, relações entre viajantes que caminham em última instância sós, em busca de si mesmos.
Ao seguir os caminhos do grande viajante Marco Polo, personagem central do livro, a viagem e o deserto servem de metáfora para a descoberta da vastidão existente dentro de cada um, na cena ou fora dela. Aqui, a busca do lugar almejado apenas se torna minimamente possível quando se está em constante movimento.
“Cada cidade recebe a forma do deserto a que se opõe; é assim que o cameleiro e o marinheiro veem Despina, cidade de confim entre dois desertos." Italo Calvino, em As Cidades Invisíveis.
O processo criativo:
Para chegar à concepção final deste projeto, participaram do processo de pesquisa o corpo artístico e equipe de produção. Para a montagem do espetáculo, coreógrafo, assistente de coreografia e dançarinos se dedicaram a uma extensa rotina de trabalho. Foram mais de 250 horas de ensaios, que contemplaram preparação corporal com treinamento técnico em dança contemporânea e pesquisas coreográficas.
Duas perguntas para Marcos Buiati:
Como o processo de pesquisa lhe envolveu e como foi todo este ciclo?
Marcos Buiati - “Conheci o livro ainda na faculdade, na época da minha formatura. Na época, em 2007, até esbocei alguns estudos coreográficos acerca do tema mas foram ainda tentativas muito iniciais. Alguns anos depois, desenvolvi o primeiro trabalho mais consistente, Irene (2012), que se baseou em apenas uma das cidades do livro, que leva o mesmo nome. Neste momento ainda integrava o elenco da Quasar Cia de Dança e o trabalho foi feito junto com dois outros colegas de trabalho. “Irene” foi uma coreografia ainda muito pautada em partituras de movimentos e na fisicalidade da execução. Ano passado, apoiado pelo FAC, pude finalmente desenvolver uma pesquisa mais profunda sobre o livro. Foi quando montei Os Lugares Sem (2015), que fez temporada nas cidades satélites do distrito federal. Em “Os Lugares Sem” já me arrisquei um pouco mais e absorvi o livro por inteiro como referencial de pesquisa e investigação cênica e coreográfica. Agora, em 2016, estreio “Velejando Desertos Remotos” com o apoio do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014. A busca no processo de criação da peça atual, a última de uma trilogia que acabou existindo por acidente (nunca planejei fazer 3 peças sobre o livro), foi orientada no sentido de decantar todo esse longo processo, e buscar um aprofundamento estético e de linguagem cênica, fortalecendo o gesto, a ação, os subtextos e o imaginário simbólico por trás dos movimentos. Busquei clarear o que do livro ficou mais forte pra mim, o que me levou aos conceitos de viagem e ao deserto como temas que sintetizam minha experiência com essa obra colossal.”
Como foi a transposição para a Dança de um texto que aguça a imaginação do leitor? Como Dança e Literatura podem se aliar para despertar histórias de lugares onde não fomos, mas que podemos remeter ao ver o trabalho no palco?
Marcos Buiati - “Minha intenção nunca foi, em nenhuma das peças, transcrever em dança o que eu lia literalmente no texto. Até porque, o livro é composto por vários ‘contos’ (Cada cidade é um rápido trecho de texto de no máximo duas páginas) e não existe nele uma narrativa linear, uma história com começo meio e fim, nem personagens que saem de uma história e continuam na próxima, a não ser pelas figuras de Marco Polo e do Imperador Khan, mas que não estão nas cidades em si, mas sim em interstícios entre os capítulos onde os diálogos entre os dois são expostos. Acho que como leitor, tive minha imaginação aguçada, e como criador, livremente ‘interpretei’ todo esse imaginário em dança. Não tenho por exemplo a pretensão de que possíveis leitores do livro identifiquem cidades ou situações existentes no livro no palco. Meu objetivo é que o público se relacione com a obra de dança em si, e aí sim, por sua força, sejam transportados para outros universos, lugares, sensações. Acho que tanto dança quanto literatura tem, cada uma a sua maneira, força para nos transportar, nos libertar, nos transformar. Espero que nesse encontro, no caso do meu espetáculo, uma tenha potencializado a outra. Quem sabe pessoas não vão querer ler o livro após assistir? Mas sinto que o espetáculo é muito o meu olhar, a minha interpretação do que foi o livro pra mim, e tentei passar e trocar com os dançarinos essas impressões, coletar também as deles, e assim criar um lugar coerente de investigação cênica.”