Vigiar e Punir
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O livro “Vigiar e Punir”, publicado originalmente em 1975, trata do sistema prisional. Analisa as técnicas de disciplina e vigilância nos tempos modernos comparadas às punições de eras mais remotas. É importante destacar que a peça não segue fielmente a obra do filósofo francês, mas a desconstrói como base para seu enredo e crítica.
Oficina de teatro de formas animadas e bonecos
Além dos espetáculos, a Cia Caravan Maschera vai ministrar curso gratuito que pretende compartilhar com o público as indagações, as possibilidades e potencialidades do teatro de formas animadas. A oficina pretende abrir um espaço para experimentação das diversas técnicas que a Cia utiliza em seus espetáculos nesse formato.
Serão trabalhados conceitos básicos da manipulação de bonecos - como foco, eixo e triangulação - além de noções sobre a dramaturgia visual. O curso terá duração total de oito horas. Os interessados devem ter disponibilidade para todos os dias de oficina.
Sobre a Cia Caravan Maschera
A Caravan Maschera foi fundada em 2010, com o desejo de experimentar e pesquisar linguagens cênicas onde prevalecem o uso de uma teatralidade fundada na imagem e na visualidade: teatro de bonecos, formas animadas, máscaras, linguagem clownesca, bufonerias e teatro visual.
A cia produz anualmente espetáculos, oficinas e residências artísticas que buscam sempre o aprimoramento de sua pesquisa continuada nas artes cênicas, com ênfase no hibridismo de linguagens. Já se apresentou nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Ceará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pernambuco, além de ter participado de festivais na Itália, França, Suíça e Eslovênia.
A sede da companhia é em Atibaia/SP, mas a cada dois anos os artistas se deslocam para a Europa a fim de realizar projetos de residência e de cooperação de criação artística, especificamente na França e Itália.

Serviço:
“Vigiar e Punir: um soldado beijava a boca de Foucault na escada da escola”
Data: 21 a 31 de março de 2019.
Horário: Quinta a sábado, às 20h. Domingos, às 19h.
Local: Teatro do CCBB Brasília-DF.
Endereço: SCES Trecho 2.
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia).
Classificação indicativa: 16 anos.
Clientes BB pagam meia-entrada.
Venda de ingressos na bilheteria do CCBB Brasília.

Oficina de teatro de formas animadas e bonecos
Data: 23 e 24 de março de 2019.
Horário: Sábado e domingo, de 9h às 13h.
Local: Teatro do CCBB Brasília-DF.
Endereço: SCES Trecho 2.
Valor: Gratuito
Inscrição:
Enviar carta de motivação (1 lauda) e currículo resumido (1 lauda) para oficina.ccbb@gmail.com com assunto: Oficina de Bonecos CCBB Brasília.
As inscrições ocorrem de 10 a 20 de março (até às 23h). Resultado da seleção no dia 22 de março, às 13h, por e-mail utilizado para inscrição.
Idade mínima: 16 anos.
Evento
O que é ser “normalizado”?
Adaptação da obra do francês Michel Foucault, espetáculo utiliza marionetes inspiradas nos quadros de Goya e nas imagens de Bosch para provocar reflexão sobre o conceito de normatividade
A Companhia Caravan Maschera, de Atibaia (SP), traz ao CCBB Brasília, pela primeira vez, o espetáculo “Vigiar e Punir: um soldado beijava a boca de Foucault na escada da escola”. As apresentações ocorrem de 21 a 31 de março, de quinta a sábado, às 20h. Domingos, às 19h. Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Clientes Banco do Brasil pagam meia entrada. Classificação indicativa 16 anos.
A montagem, baseada na obra do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), mostra como os conceitos de punição e vigilância evoluíram na sociedade contemporânea. Com bonecos inspirados em quadros de Goya e Bosch e interpretação com linguagem de bufão, a peça busca desvelar os conceitos de uma sociedade “disciplinar e normopática” descritos pelo autor do clássico “Vigiar e Punir”.
Sem cair no didatismo ou na retórica bruta, o espetáculo utiliza humor sarcástico, poesia visual e formas animadas para tocar o público de maneira mais sensitiva e emotiva. No palco, 12 bonecos e formas animadas são manipuladas por apenas dois atores caracterizados como indigentes (bufões). A iluminação tem papel fundamental, pois segue as nuances do texto e da musicalidade e enfatiza a potencialidade e a beleza dos bonecos.
“O que queremos com essa adaptação de Foucault é mostrar como as instituições disciplinantes que nos cercam - a escola, a prisão, a medicina, a religião, o trabalho e a própria família - agem sobre nós para nos tornarmos seres ‘mansos’. O público pode, a partir de suas próprias reflexões e leituras subjetivas, buscar vias que minimizem o risco de uma dominação dos nossos desejos e opiniões”, afirma Leonardo Garcia Gonçalves, que junto com Giorgia Goldoni, estrela e assina a direção do espetáculo.
Nesse sentido, a peça é uma forma de resistência aos princípios de normalização e adestramento do indivíduo nos dias de hoje, já que demonstra como a ideia de “norma” e “normal” foram criadas artificialmente para controlar a sociedade. “Apesar de obscura e pessimista, ela permite algum espaço para o otimismo, na medida em que ilustra como a reflexão de Michel Foucault pode nos ajudar a enxergar como somos condicionados a sermos corpos dóceis e obedientes”, avalia Giorgia Goldoni.
Experiência visual que desperta sentimentos
A proposta do espetáculo é híbrida e utiliza outras linguagens artísticas, além de manter um diálogo estreito com as artes visuais. O que se prioriza é a experiência visual, enquanto os psicologismos e a leitura unilateral da obra criada são minimizados. Portanto, o público é levado a reconstruir os significados do que vê de forma mais ativa.
Leonardo explica que a peça procura vias diversas de compreensão e que, nela, o encanto e a poesia não estão submetidos exclusivamente ao entendimento de uma fábula, mas a um esclarecimento dos fatos e das situações em cena por meio de sentimentos e sensações provocadas pelo jogo de iluminação, musicalidade contemporânea, bonecos e formas animadas.
“Em outras palavras, convidamos o espectador para um tipo de espetáculo que não deve ser apreciado pela lógica, mas pela intuição. Seu ‘entendimento’ é similar às sensações provocadas pela arte fotográfica, pelas artes plásticas abstratas e pela experiência cinematográfica experimental”, comenta Leonardo.
Descontruindo certezas
Embora a experiência visual seja priorizada, os elementos textuais não deixam de existir. O que se apresenta na peça é a organização poética dos conceitos e “casos” do texto de Foucault, no sentido de se criar um efeito sobre o espectador, que o incita a tomar uma posição constante de desconstrução de ideias formadas.
O público percebe uma alternância contínua entre distanciamento/identificação, realidade/fantasia, compreensão total/intuição opaca. Assim, o conteúdo da obra e do texto alcançam uma forma subjetiva e sensitiva, mas mantendo os aspectos reflexivos e críticos do texto escrito por Foucault. “O teatro de bonecos que fazemos não pretende comunicar com certezas, mas sugerir outros modos de se perceber a ambiguidade das coisas ”, ressalta Giorgia.